África do Sul: uma viagem que atravessa sentidos, alma e consciência

Era um sonho conhecer a África do Sul. Eu sonhei — trabalhei, planejei, criei coragem e realizei.

Foram dias em que tudo fluiu. Sob a proteção de todos os Orixás, me permiti viver a perfeição com todos os sentidos: o olhar encantado, sabores que marcaram, sons e silêncios que ecoam, o toque e a ausência dele, e cheiros que ainda me habitam.

A beleza da natureza me atravessou, e no caminho eu me apaixonei inúmeras vezes: pelo mar, pelas montanhas e rochas, pelas estradas infinitas e pela vida que pulsava em cada encontro. Chorei muitas vezes, de emoção que transbordava, de gratidão pelo presente de estar ali, inteira.

África do Sul – uma travessia por fora e por dentro.

Olhar para o lado sombra

Mas não foi só beleza e alegria. Também olhei para o lado sombra.

Me conectei com a dor que atravessa o país: desigualdade, racismo, marcas ainda tão presentes da injustiça social. A natureza perfeita contrasta com os conflitos da humanidade — e me fez pensar no que ainda precisamos aprender.

A África do Sul se apresenta quase como uma Europa dentro da África: moderna, urbana, turística. A ancestralidade não aparece de forma viva no cotidiano das grandes cidades — nem na comida, nem no vestir, nem no viver.

Eu sabia que seria assim,

mas ainda assim foi doloroso ver a cena repetida dos negros servindo brancos (eu inclusive), a ausência de raízes culturais e espirituais. Um silêncio que fala alto. E que é tão próximo do processo brasileiro de colonização e escravidão, cujas marcas seguem vivas, mesmo quando tentamos escondê-las.

Às vezes, a beleza é tanta que vira lágrima.

Entre beleza e aprendizado

Essa viagem me mostrou que a África do Sul não cabe em uma narrativa só. É beleza e dor. É potência e ferida. É espelho e convite.

Viajar pra mim sempre foi sobre atravessar sensações internas: presença, contemplação, vulnerabilidade, coragem.

Saber que a beleza não está apenas nas paisagens, mas na atenção que dedicamos a cada detalhe, àquilo que nos atravessa e nos transforma.

Viajar nos lembra da importância de desacelerar, de sentir, de refletir — e de reconhecer que cada lugar carrega histórias profundas que merecem ser escutadas.

17 dias de estrada, silêncio, aventura e presença. Eu escolhi viver — não produzir.

Reflexões para a vida e para o trabalho

Presença e atenção plena: observar sem tentar controlar, sentir sem julgar, ativar a mente de principiante.

Empatia e consciência social: reconhecer desigualdades históricas e o que podemos aprender com elas.

Conexão com a natureza: nos ensina sobre ciclos, ritmo e equilíbrio dos instintos.

Coragem e vulnerabilidade: atrever-se a sair da zona de conforto, encarar o desconhecido, desafios físicos e os próprios sentimentos.

A África do Sul é beleza e ferida. Potência e injustiça.

A África do Sul não terminou comigo. Ela continua dentro de mim, como uma travessia que segue transformando meu olhar, minhas escolhas e a forma como me relaciono com o mundo.


Ao compartilhar essas reflexões com vocês, espero despertar algo: sensibilidade, presença e o desejo de olhar para além do que vemos — nas viagens, no trabalho e na vida.

Não só um roteiro de viagem, quero dividir o que me atravessou — e talvez ecoe em você também.

Nos próximos textos, vou dividir mais momentos e aprendizados dessa viagem. E você, o que a África do Sul (ou meu olhar sobre ela) despertou em você? Fica comigo nessa jornada.

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Segunda a sexta

9h às 18h

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